Recordo-me de escrever desde criança, quando enchia cadernos com histórias geralmente dramáticas. Houve, entretanto, um longo período em que me afastei dessa atividade (não saberia explicar o motivo). Mantive a escrita apenas nos momentos obrigatórios (trabalhos da escola, da faculdade ou da ocupação remunerada).
Por volta do ano de 2013, redescobri o gosto pela escrita. Dessa redescoberta, surgiu o livro Não sou mais criança, publicado no ano seguinte. De lá para cá, tenho estudado, lido e experimentado mais (e o blog contribuiu nesse processo). Venho aprendendo e aprimorando minha forma de escrever e até passei a me identificar (e me apresentar) como escritora.
Durante esse tempo, conheci distintas histórias de escritores e escritoras sobre seu ingresso no mercado editorial. Algumas delas fazem até parecer que tudo é fácil demais. Tentei usar suas estratégias, mas até o momento nada do que serviu para eles e elas serviu para mim.
[…] um bom escritor é um escritor diferente de outros escritores. Alguém que, pela própria essência do que faz, atenta contra a uniformidade que tende a se impor, resiste, por assim dizer, ao global […] (Andruetto, 2012, p. 55-56).
Já ouvi tantas vezes: “Por que você não tenta escrever um livro para adultos? Seria mais fácil publicar e vender” ou “os escritores de livros para adultos têm mais visibilidade, mais reconhecimento”.
Eu sei disso. Acredito que haja mais possibilidades, no mercado editorial, para livros destinados a adultos, pois os leitores são independentes e as obras não sofrem a verificação do que é ou não adequado, do que pode ou não chegar aos leitores (pelo menos não nesta época). Também tenho a impressão de que os autores de livros para adultos são mais conhecidos e valorizados.
E não digo que não queira publicar uma obra para adultos algum dia. Eu quero. Quero mesmo. Esse sonho não está descartado, aliás, é um projeto que voltei a colocar em prática. Porém o meu apego pela literatura infantil e juvenil (LIJ) não morreu e creio que não morrerá. Encontrei meu maior interesse e minha maior paixão na criação de textos literários para esse público.
Não estamos conseguindo agora, e talvez nunca seja possível ganhar a vida escrevendo, que é a profissão desejada por nós. O que faremos para ganhar dinheiro sem sacrificar nossa energia e tempo, prejudicando nossa vocação? (Plath, 2017, p . 505).
O trecho acima retirei de Os diários de Sylvia Plath. Nele a autora relata sua angústia por não poder viver de seu sonho de escrever.
Imagino que todo escritor e toda escritora tenha um sonho igual ao de Sylvia Plath. Quem de nós nunca se colocou como personagem daquela cena em que um escritor se encerra em seu escritório, recheado de livros, senta-se à mesa e passa o dia apenas criando, criando e criando?
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