- Título Original: O baú de Faustina
- Gênero do Livro: Memórias
- Editora: Quimera
- Ano de Publicação: 2021
- Número de Páginas: 434
Sinopse: Este livro tematiza a saga real de famílias rurais piauienses, sem terra e sem outras posses maiores, na dura estrada da vida. De pessoas que, deserdadas de berço de ouro, tiveram que inventar maneiras das mais diversas para (re)existir. Existir e resistir a tempos duríssimos de seca, de pobreza, de violência, de abandono. De mulheres que tiveram quase todos os seus caminhos vetados pelo machismo, princípio norteador das vidas e sociabilidades no meio rural piauiense. Portanto, é um livro das histórias humanas possíveis, em contextos exigentes. Algumas delas – histórias impossíveis – apenas tornadas realidade pela força e determinação dos sujeitos. Não obstante, é um livro de esperança. Ao fim, é possível ver que, por mais que todas as evidências apontem o contrário, há a possibilidade de se construir um caminho promissor.
O baú de Faustina se revelou para mim no primeiro dia da 3ª Feira Literária de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piauí, em 27 de junho de 2024, em um dos bate-papos de lançamento de livros. Sua criadora, Valéria Silva, professora universitária que eu ainda não conhecia, lançava ali o livro de poesias Acenos da alma, e o mediador comentou sobre sua obra anterior.
No dia seguinte, participei de uma roda de conversa acerca da literatura produzida por mulheres, na qual se encontrava Valéria Silva, entre outras mulheres. Terminada a conversa, ela se aproximou de mim e me presenteou com um exemplar de O baú de Faustina, como se adivinhando o interesse que havia nascido em mim no dia anterior. Na dedicatória, ela desejou que a leitura me suscitasse “encontros identitários vários”. E eu posso adiantar que o desejo se realizou.
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- Título Original: I Am Malala: How One Girl Stood Up for Education and Changed the World
- Gênero do Livro: Biografia
- Editora: Seguinte
- Ano de Publicação: 2015
- Número de Páginas: 198
Sinopse: Uma jovem comum, Malala Yousafzai gostava de acompanhar seus programas de TV preferidos, vivia brigando com os irmãos e adorava ir à escola. Mas em pouco tempo tudo mudaria. Ela tinha apenas dez anos quando o Talibã tomou conta do vale do Swat, onde ela vivia com os pais e os irmãos. A partir desse dia, a música virou crime; as mulheres estavam proibidas de frequentar o mercado; as meninas não deveriam ir à escola.
Criada em uma região pacífica do Paquistão totalmente transformada pelo terrorismo, Malala foi ensinada a defender aquilo em que acreditava. Assim, ela lutou com todas as forças por seu direito à educação. E, em 9 de outubro de 2012, quase perdeu a vida por isso: foi atingida por um tiro na cabeça quando voltava de ônibus da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
Hoje Malala é um grande exemplo, no mundo todo, do poder do protesto pacífico, e é a pessoa mais jovem e a receber o Prêmio Nobel da Paz. Nesta autobiografia, em que ela conta sua história inspiradora para outros jovens como ela, Malala mostra que todos podem mudar o mundo. (Amazon)
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Foi uma coincidência. Na semana passada, li o livro Eu sou Malala: como uma garota defendeu o direito à educação e mudou o mundo (edição juvenil). Logo depois chegaram as notícias de que os Estados Unidos retirariam suas tropas militares do Afeganistão. Logo depois, como já se esperava, o Talibã tomou conta do país outra vez. Desde então, a imprensa nos recorda as consequências da primeira investida do movimento fundamentalista naquela nação, em um passado recente; vemos cenas de pessoas tentando deixar sua terra, em busca de segurança.
É triste. Malala narra um pouco dessa mesma história em seu livro. O enredo é como o que começa a se desenrolar neste momento: grupos armados nas ruas, pessoas com medo, repressão à população, em especial às mulheres etc. A diferença é apenas na localização geográfica, embora nem seja tão diferente assim. Malala nasceu e viveu até seus 15 anos de idade no Paquistão, país vizinho do Afeganistão. Agora ela é chamada a se manifestar sobre o acontecimento que se repete.
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- Título Original: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada
- Gênero do Livro: Diário
- Editora: LeBooks
- Ano de Publicação: 2019
Sinopse: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada foi escrito em 1961, por uma improvável autora. Carolina Maria de Jesus era negra e passou a maior parte de sua vida morando numa favela e trabalhando como catadora de papel. No entanto, frequentou a escola e, em pouco tempo, aprendeu a ler e a escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Seu primeiro livro foi Quarto de despejo: diário de uma favelada, que alcançou grande sucesso e foi traduzido para diversas línguas. A partir dai, não parou mais de escrever e seu segundo grande sucesso foi Casa de alvenaria, um livro tocante, no qual Carolina de Jesus conta, por meio de um diário, sua nova perspectiva de vida, já morando em uma verdadeira casa de tijolos. Nessa narrativa os dias assumem uma nova dimensão deixando de ser sempre iguais e precedidos pela fome. As surpresas, os choques, as grandes alegrias e os desencantos se sucedem neste registro de grande valor humano e de grande valia para a compreensão da realidade brasileira. Casa de alvenaria é uma leitura tocante e inesquecível.
Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada, de Carolina Maria de Jesus, é a continuação do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada. Agora, após o lançamento do primeiro livro — obra de grande sucesso, traduzida para outros idiomas —, Carolina e os três filhos saem do quarto de despejo e ingressam na sala de visitas.
A tristeza estava residindo comigo há muito tempo. Veio sem convite. Agora a tristeza partiu, porque a alegria chegou. Para onde será que foi a tristeza? Deve estar alojada num barraco da favela (p. 25).
Aqui o maior conflito da autora não é mais a fome (tão presente em Quarto de despejo), mas sua entrada em um mundo estranho, o qual não compreende muito bem, onde passa a valer pelo dinheiro que tem (ou que pensam que ela tem). A toda hora alguém a procura para pedir dinheiro emprestado, para representar alguma causa. Isso e a rotina de viagens e de eventos relacionados ao lançamento da obra tiram-lhe o tempo da escrita, o que é causa de angústia.
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Ontem
ela era medo
objeto de pena
quietude
alvo da zombaria
Ontem
ela era menina
encolhida
no canto da sala
escutando uma voz
quase nunca a sua
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