"10" Post(s) encontrado(s) na categoria: Destaques

01 de novembro de 2022

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Nasce uma esperança

Por Eriane Dantas

De domingo para cá, vi tantas postagens de luto, feitas até por conhecidos e conhecidas que eu considerava conscientes. Elas retratam um Deus triste com o resultado das eleições no Brasil e se perguntam qual será o futuro do país. Vi cenas de gente vestida de verde e amarelo em meio a orações e lágrimas. Vi imagens de pessoas bloqueando estradas e pedindo intervenção militar. Eu não entendo. O candidato perdedor, que infelizmente ainda é o presidente do país, defende a liberação de armas e o fuzilamento de quem o critica, já declarou que sua especialidade é matar e anda com gente que não aprecia muito a paz (vide o cara que atirou em policiais e a mulher que perseguiu uma pessoa na rua com arma em punho). Esse mesmo candidato apostou na mentira, no medo, na guerra, na desunião, em narrativas repetitivas (comunismo, corrupção, ideologia de gênero, aborto). Ele […]

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13 de outubro de 2022

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Verdade ou imaginação?

Por Eriane Dantas

Às vezes, desconfio da minha memória de longa data. Modifico, recrio, dou nova versão às histórias que penso ter testemunhado? Ou a memória dos outros falha? Ou eles não viram o que eu vi? O meu defeito é ter lembranças entrecortadas. Esqueço os detalhes: o lugar exato, os nomes dos personagens. Assim ninguém pode mesmo acreditar na minha narração. Em outra via, não me lembro de coisa alguma e, encabulada, respondo que “não, não lembro disso” ou “não, não sei quem é fulano” e ouço um desapontado “tu não lembra não?”. Como se fosse hoje, avisto um conhecido da família, cabeleireiro de profissão, aparecer, na inauguração da praça do nosso bairro, vestido com roupas femininas e montado em um par de pernas que ninguém havia percebido embaixo das calças. Ao comentar esse fato com meus pais, não soube explicar quem ele era, como se chamava, de onde o conhecíamos (nem […]

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28 de julho de 2022

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Os nós em mim

Por Eriane Dantas

Já ouviu falar em um gigante de mais de duzentos anos que vive no litoral piauiense, mais precisamente no município de Cajueiro da Praia? Batizado de Cajueiro-Rei, essa árvore centenária foi reconhecida, em 2016, como o maior cajueiro do mundo, com base em estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores analisaram as folhas de diferentes locais da planta, fizeram medições da área e do perímetro ocupado por ela e, com isso, provaram que, embora pareça se tratar de uma porção de árvores juntas, ali há um único pé de caju com diversos troncos.

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29 de junho de 2022

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Mais um ano de histórias em mim

Por Eriane Dantas

Quatro anos atrás, nesta data, entrava no ar o blog Histórias em mim, este espaço no qual expresso as histórias do mundo que conheço nos livros e as histórias que saem da minha imaginação. No início de 2018, andava desconfiada da minha escrita, esta atividade que me segue desde a infância, esta habilidade que (quase) sempre foi uma certeza, mesmo quando não era. Vivia num dilema que ainda me pega vez ou outra: desejava publicar os meus textos; ao mesmo tempo, receava que outras pessoas os conhecessem. Foi então que uma sugestão chegou até mim: “Por que você não cria um blog literário?”. À primeira vista, essa pareceu uma ideia sem sentido. Eu não acompanhava blogs, nunca tinha imaginado me tornar uma blogueira, não sabia sequer como criar e manter uma página na internet. Sem falar que, com o excesso de informações e redes sociais, o fracasso seria o resultado […]

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14 de junho de 2022

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Cadê o amor?

Por Eriane Dantas

Arrepiam-me a apatia a conivência com a barbárie a comemoração da dor do outro Por que não incomoda se o outro passa fome padece tem a vida ceifada? Por que o próximo sempre merece os males mesmo causados por terceiros?

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24 de maio de 2022

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Ontem eu sonhei com o Saramago

Por Eriane Dantas

Ontem eu sonhei com o Saramago. José Saramago. O escritor português conhecido pelos longos parágrafos e pelo uso não convencional das vírgulas. Não me lembro do seu rosto ou da nossa interação (ou se alguma ocorreu). Só sei que era ele ali, marcando presença na minha mente durante o sono. Ele apareceu em meu sonho sem mais nem menos. Faz semanas que iniciei e interrompi a leitura de o Memorial do Convento (fui até a metade do livro). Vou retomá-la mais adiante. Falando assim, dou a impressão de que me refiro a um conhecido, um familiar, um amigo. A verdade é que me sinto íntima do Saramago quando visito suas obras. Para além de seu estilo único de escrita, admiro seu modo de narrar, sua ironia, a crítica política e social sempre presente em seus textos. Toda vez que leio um livro do autor, acabo acreditando que posso saramaguear, que […]

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18 de maio de 2022

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[Resenha] Curral de serras

Por Alvina Gameiro

Desde que terminei a leitura de Curral de serras, de Alvina Gameiro, estou à procura de um adjetivo que o defina. Impressionante, surpreendente e encantador são palavras batidas e não refletem a grandiosidade dessa obra. Curral de serras foi o penúltimo livro da autora, publicado em 1980, que também escreveu os títulos A vela e o temporal (1957), O vale das açucenas (1963), Chico Vaqueiro do meu Piauí (1979), entre outros. Alvina Gameiro nasceu em 1917, em Oeiras, no Piauí, e faleceu em 1999, em Brasília, Distrito Federal (DF), depois de ter morado em diversas cidades do Brasil e do mundo. Teve uma rica carreira literária e uma formação bastante avançada para as mulheres de sua época (formou-se em artes plásticas na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e graduou-se na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos). Ganhou prêmios literários, foi membro da Academia Piauiense […]

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12 de maio de 2022

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A mãe da Babi

Mãe de alguém. Chega um momento na vida em que passamos a ser conhecidas assim, como se nos faltassem nomes. Meu filho ainda nem saiu das fraldas e eu já reparo nisso de vez em quando. A mãe da Babi, de Um ipê de cada cor, vive essa experiência. Não sabemos o seu nome. Não sabemos muito sobre a sua história. Ela é a mãe da Babi e da Ana. Mas nos inteiramos de seu ingresso no mundo materno, de sua preocupação em repetir os erros com a segunda filha, de sua forma de amar as duas. Ainda no ensino médio, ela conheceu um garoto que se tornou um amigo inseparável. A amizade cresceu, se modificou e, de repente, como não é raro na juventude, os dois acharam que não viveriam um sem o outro. Da paixão veio a surpresa: logo o casal traria mais um ser ao mundo.

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26 de abril de 2022

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Minhas versões

Por Eriane Dantas

Na infância, imaginamos os adultos bem-resolvidos, donos de si. Quando chegamos a essa etapa, porém, descobrimos: adulto é, em geral, uma criança que bate cartão, paga boletos e oculta sua infantilidade. Adultos não são imunes ao medo, à insegurança, aos traumas, à ansiedade, à vontade de chorar e espernear de vez em quando. De tempos em tempos, reflito sobre o caminho que trilhei até aqui e idealizo o que encontrarei logo ali, à frente (não, esse trajeto não consta em GPS e mapas). Olho pelo retrovisor e comparo esta “eu” de hoje com aquelas que fui deixando para trás. Já encarnei tantas versões. A lembrança de algumas me causa riso ou nostalgia; um punhado delas eu esqueceria de bom grado; outras, eu deveria viajar no tempo para consertar. De todo modo, elas não ficaram para trás de fato; vão no porta-malas, deslocando-se nas curvas, sacolejando nas estradas esburacadas.

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20 de abril de 2022

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O livro me faz livre

Por Eriane Dantas

O mês de abril é especial para o mundo do livro. Começa com o Dia Internacional do Livro Infantil, no dia 2. Segue pelo Dia Nacional da Biblioteca, no dia 9. Passa pelo Dia do Desenhista, no dia 15. Chega ao Dia Nacional do Livro Infantil e de Monteiro Lobato, no dia 18. E termina com o Dia Mundial do Livro, no dia 23. O livro é curioso. Sua criação depende do escritor ou da escritora (quer dizer, depende também de mais alguns agentes que trabalham na sua produção). Porém, sua existência só tem significado, sua função só se cumpre quando outro alguém resolve abri-lo, conhecê-lo, avaliá-lo. Há escritores e escritoras que juram escrever sem pensar nos leitores ou nas leitoras ou sem pretender uma futura publicação. Não sei se acredito. Quem desejasse manter o seu trabalho em segredo escreveria diários, e não livros.

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