Nesse final de semana, Eliete e eu estivemos no 20° Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, organizado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), que começou em 27 de junho e vai até 5 de julho de 2018, no Rio de Janeiro.
O evento foi mais uma oportunidade de estar em contato com autores e leitores, com pessoas envolvidas na promoção da leitura. Bastava dar alguns passos para encontrar escritores e ilustradores, para vê-los falando sobre a produção de determinada obra, lendo um livro ou fazendo um desenho ao vivo.
Houve também discussões nos encontros paralelos, nos quais acompanhamos o bate papo com o escritor Walcyr Carrasco; a conversa com a autora Nilma Lacerda sobre os oitenta anos de Vidas Secas, de Graciliano Ramos; e a apresentação de Maíra Lacerda sobre a formação visual do leitor.
Essa última discussão, em especial, atraiu a atenção total do público presente (e a minha também) ao tratar da relação entre texto e imagem nos livros voltados a crianças e jovens. Ao expor os resultados de sua tese de doutorado, que analisou o acervo do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) da educação infantil ao ensino médio, Maíra Lacerda nos mostrou que as ilustrações nos livros literários desse acervo diminuem, à medida que os níveis de ensino correspondentes avançam. Às vezes, elas são usadas só como acessórios.
Essa tendência, de acordo com Maíra, pode ser causada pelo preconceito em relação aos livros ilustrados, por vezes julgados simples e, por isso, adequados apenas a crianças pequenas, desconsiderando-se a complexidade das ilustrações e o potencial dos livros com imagens para a construção da criticidade dos leitores.
Enquanto a escutava, eu concordava e pensava no quanto se desdenha a literatura para crianças e jovens, como se fosse uma literatura menor. E é uma pena que ainda se conserve tal visão, pois com ela se ignoram as obras primorosas que vêm sendo produzidas — obras originalmente destinadas ao público infantil e juvenil, mas que podem encantar e fazer pensar muita gente grande.
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