Três coisas que você não sabia. Cinco coisas que não te contaram. Dez coisas que não querem que você saiba. Quinze coisas que você precisa aprender. Vinte coisas que você deve (ou não) fazer. Trinta livros que você deve ler. Cem filmes que você não pode perder. Já topou com um desses títulos pela internet?

Seus autores compartilham dicas para emagrecer, empreender e ganhar dinheiro e episódios da vida pessoal de celebridades. Desvendam segredos da indústria farmacêutica, das religiões, de hotéis, de restaurantes, do sistema financeiro, do governo. Abordam fatos aleatórios, conhecimentos sobre o céu, a terra, a água e o ar, sobre pré-história, geopolítica, mudanças climáticas etc. etc. etc.

A toda hora, alguém nos acusa de desinformados e se dispõe a nos transmitir ensinamentos. Mesmo sem nos conhecer, os criadores dessas listas sabem o que não sabemos e o que necessitamos saber. Especialistas, detentores de dados secretos, inimigos das conspirações, eles generosamente partilham aquilo que ninguém mais quer que descubramos.

Os curiosos são alvos fáceis dessas armadilhas. Embora incomodada com essas chamadas, eu mesma caio no truque e me pego diante de um rol interminável de famosos que já foram casados, de livros que eu preciso ler antes de morrer ou de outras coisas que eu nem sabia que queria saber.

Essa leitura, entretanto, falha em me recompensar: textos como esses tendem a repetir o senso comum, ao contrário do que seus títulos antecipam, quando não se resumem a um punhado de banalidades. Após passar por toda a relação, resta-me apenas a sensação de engano e de perda de tempo.

Por outro lado, há artigos que tratam de assuntos relevantes, fundamentam-se em fontes confiáveis e são bem construídos. Ainda assim, a imposição e o julgamento a respeito do conhecimento de quem se encontra do outro lado da tela soam prepotentes. Quem, melhor do que eu mesma, pode reconhecer o que eu sei, o que preciso e quero aprender?

Por isso, quando me deparo com uma postagem desse tipo, às vezes resisto à curiosidade e respondo: não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe.