O mês de abril é especial para o mundo do livro. Começa com o Dia Internacional do Livro Infantil, no dia 2. Segue pelo Dia Nacional da Biblioteca, no dia 9. Passa pelo Dia do Desenhista, no dia 15. Chega ao Dia Nacional do Livro Infantil e de Monteiro Lobato, no dia 18. E termina com o Dia Mundial do Livro, no dia 23.
O livro é curioso. Sua criação depende do escritor ou da escritora (quer dizer, depende também de mais alguns agentes que trabalham na sua produção). Porém, sua existência só tem significado, sua função só se cumpre quando outro alguém resolve abri-lo, conhecê-lo, avaliá-lo.
Há escritores e escritoras que juram escrever sem pensar nos leitores ou nas leitoras ou sem pretender uma futura publicação. Não sei se acredito. Quem desejasse manter o seu trabalho em segredo escreveria diários, e não livros.
Enquanto escrevo, idealizo que o meu texto, um dia, vai encontrar um leitor ou uma leitora, que apreciará e interpretará a minha criação, talvez de um jeito distinto do que imaginei. Para mim, uma história não tem sentido numa gaveta ou numa pasta do computador.
Eu, que escrevo, que leio e falo de obras literárias, que acompanho páginas, blogs, perfis em redes sociais sobre o tema, às vezes esqueço que muitos brasileiros e brasileiras não leem, não dispõem de livros, não vivem na bolha da leitura. Muita gente sequer aprendeu a ler ou a interpretar um texto.
Não, não desmereço quem não lê nem vou discorrer acerca do assunto. Esse problema é complexo demais para ser tratado aqui, em um espaço com tão poucos caracteres. Opino apenas que a nossa carência na área deve-se às fragilidades da formação de leitores, às deficiências da nossa educação, à escassez de políticas de incentivo à leitura, à nossa situação de precariedade social.
Com as dificuldades para (sobre)viver, ainda mais nestes tempos em que a comida virou artigo de luxo, como os habitantes desta terra vão se interessar por leitura ou ter condições de criar e desenvolver um hábito tão caro?
Quase um ano e meio atrás, quando veio à tona a proposta de taxação dos livros, discutíamos exatamente isso: que os livros são, em geral, bens restritos a privilegiados. Em um país tão desigual, não surpreende que a leitura também sirva para dividir os seres humanos em grupos.
Uso um clichê, mas não exagero ao dizer que a leitura nos faz viajar. Essa viagem não se limita a conhecer outro país em uma história de ficção, por exemplo. Lendo, nos informamos, nos colocamos no lugar de outras pessoas, nos reconhecemos, nos transformamos. Percebi isso em mim, percebi que a leitura me ajudou (e ajuda) a evoluir, a ampliar a minha visão de mundo. Por isso, eu, que nem sempre li, que perdi tanto tempo longe dos livros, sonho com essa experiência para todo mundo.
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