De vez em quando, leio depoimentos de leitores e leitoras saudosos, citando A droga da obediência, de Pedro Bandeira, como uma obra que marcou sua adolescência. Eu não tive a oportunidade de conhecê-la quando era mais jovem (ou mesmo de tomar conhecimento de sua existência). Só agora, na vida adulta, tive o livro em mãos.
A droga da obediência foi publicada em primeira edição em 1984 e iniciou a série Os Karas, composta também por Pântano de sangue (1987), Anjo da morte (1988), A droga do amor (1994), Droga de americana! (1999) e A droga da amizade (2014).
O livro conta a história de cinco adolescentes que formam o grupo os Karas: Miguel, Crânio, Magrí, Calu e Chumbinho. Liderados por Miguel, o presidente do grêmio estudantil, os amigos se reúnem em um esconderijo secreto e possuem códigos e regras próprias. São jovens atuantes e influentes na escola, uma escola que inclui os alunos nas decisões.
A turma dos Karas estava completa. Haviam sido convocados pelo K desenhado na mão esquerda de Miguel, o sinal de emergência máxima (p. 10).
Sempre dispostos a resolver os problemas do corpo discente, os Karas entram em ação quando se inteiram do desaparecimento de estudantes de diversos colégios de São Paulo, incluindo aquele em que estudam, o Colégio Elite. Trata-se de um plano do estranho Doutor Q.I., o dirigente de uma organização farmacêutica que pretende controlar as vontades humanas e dominar a humanidade, com o auxílio de uma droga perigosa.
[…] Já imaginou o que será uma sociedade em que nenhuma ordem, nenhuma instrução venha a ser contestada? […] Com a Droga da Obediência, não haverá mais o desejo de fazer revoluções. Porque não haverá mais desejos de espécie alguma. […] (p. 137).
Para isso, o Doutor Q.I. experimenta a Droga da Obediência em adolescentes fortes, inteligentes, atléticos, tornando-os seres que não pensam mais por si mesmos e apenas seguem ordens, sem medo, cansaço ou reclamação. Assim, o vilão testa os limites das pessoas e constata que, com a droga, poderá usá-las como bem entender para alcançar seus objetivos.
Pedro Bandeira é um dos mais reconhecidos escritores que se dedicam à literatura juvenil. Recentemente ele completou oitenta anos e quem quiser pode acompanhá-lo em seu perfil no Instagram.
Esse foi o segundo livro de sua autoria que li. O primeiro, O fantástico mistério de Feiurinha, possui qualidades, mas não me agradou tanto, quer dizer, me causou mesmo certo incômodo. Já A droga da obediência é uma obra cheia de suspense, mistério e mensagens sobre liberdade de pensamento e democracia. A narrativa prende do início ao fim e poder ser apreciada por jovens de qualquer idade.
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