Juro que tudo o que eu escrevo é verdadeiro. O mentiroso sou eu (p. 122).
Em Bagageiro, Marcelino Freire reúne textos distintos, que chama de ensaios de ficção. Como ele próprio esclarece (e eu não sei mais onde — já virei o livro de ponta-cabeça e não acho o trecho), bagageiro é onde se leva todo tipo de objeto na bicicleta. Do mesmo jeito, no Bagageiro do Marcelino cabe um monte de coisas.
Marcelino Freire nasceu em Pernambuco e vive em São Paulo desde o início da década de 1990. Além de Bagageiro, publicou Angu de Sangue (Ateliê Editorial, 2000), Contos Negreiros (Record, 2006) e Nossos Ossos (Record, 2013), entre outros livros.
Divertido, Bagageiro traz anedotas, sacadas e frases relacionadas ao mundo literário: à poesia, a escritores e escritoras, a obras literárias, ao processo de escrita, a tudo enquanto.
O ritual do teatro é abrir as cortinas. O do cinema, apagar a luz. O do leitor, virar a página (p. 116).
Falando em escrita, que me parece o tema central do livro, durante a leitura fui transportada ao curso Escrita Literária com Marcelino Freire, do Navega. Esse foi um dinheiro bem investido. O curso proporciona de verdade uma reflexão sobre a escrita, e o autor oferece dicas valiosas. Em quatro módulos, aprendi a olhar com atenção para o texto que escrevo (e também para aquele que leio), reparando nas obviedades e nos excessos, como, por exemplo, no abuso dos advérbios e das locuções adverbiais (eu sei, às vezes eles parecem extremamente necessários e a gente tasca logo um monte numa oração só).
Voltando ao livro, Bagageiro não é apenas divertido; conta também histórias de personagens marginalizados pela sociedade, intercalando textos leves com textos sérios. Há ainda poesia (não vou chamar de poética a prosa de Marcelino; ele pode me interpretar mal). Talvez esses altos e baixos sejam intencionais: saímos de uma narrativa mais forte e caímos em uma mais amena. Todas elas nos fazem pensar, mas de maneiras diferentes.
Não sabia ainda da grande revelação. Na nossa trajetória, as coisas vêm no fluxo, o coração é quem manda a gente seguir, a história escrita está, faz tempo, em um antigo passado, ou numa paz futura. É de onde o nosso destino, de repente, insiste em surgir (p. 109).
Não sei bem com que adjetivo classifico o Bagageiro. Melhor assim. Vamos evitar o exagero no uso dessa classe de palavras. Só concluo que ele é indicado a quem quiser encontrar uma variedade de assuntos e de emoções em uma única obra.
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