08 de junho de 2021

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[Resenha] Bagageiro

Por Marcelino Freire

  • Título Original: Bagagem
  • Gênero do Livro: Conto/ensaio
  • Editora: José Olympio
  • Ano de Publicação: 2018
  • Número de Páginas: 160
Sinopse: Bagageiro, no Recife, é onde se leva todo tipo de coisa em cima da bicicleta: mercadoria, botijão de gás, criança etc. Neste Bagageiro, encontramos uma coletânea de pequenas histórias, entremeadas por comentários – por vezes mordazes – sobre a escrita, o país, o mundo, a vida literária e não literária. Classificados pelo autor como “ensaios de ficção”, os textos reunidos nesta obra fazem parte de um gênero atípico, misturando críticas à realidade, toques de humor sagaz e prosa poética, tudo isso com o estilo único e brilhante de Marcelino Freire. Segundo o jornal Estado de S. Paulo, em Bagageiro, “os contos/ensaios retratam personagens muitas vezes afligidos pela desigualdade social ou mesmo desamparados em relação à sua arte [...]. Os contos mais carregados são alternados com os ensaios de ficção, reflexões agudas e divertidas sobre escritores e o meio literário, e chistes mais ou menos pornográficos.” É um livro divertido e delicioso de ler.
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Juro que tudo o que eu escrevo é verdadeiro. O mentiroso sou eu (p. 122).

Em Bagageiro, Marcelino Freire reúne textos distintos, que chama de ensaios de ficção. Como ele próprio esclarece (e eu não sei mais onde — já virei o livro de ponta-cabeça e não acho o trecho), bagageiro é onde se leva todo tipo de objeto na bicicleta. Do mesmo jeito, no Bagageiro do Marcelino cabe um monte de coisas.

Marcelino Freire nasceu em Pernambuco e vive em São Paulo desde o início da década de 1990. Além de Bagageiro, publicou Angu de Sangue (Ateliê Editorial, 2000), Contos Negreiros (Record, 2006) e Nossos Ossos (Record, 2013), entre outros livros.

Divertido, Bagageiro traz anedotas, sacadas e frases relacionadas ao mundo literário: à poesia, a escritores e escritoras, a obras literárias, ao processo de escrita, a tudo enquanto.

O ritual do teatro é abrir as cortinas. O do cinema, apagar a luz. O do leitor, virar a página (p. 116).

Falando em escrita, que me parece o tema central do livro, durante a leitura fui transportada ao curso Escrita Literária com Marcelino Freire, do Navega. Esse foi um dinheiro bem investido. O curso proporciona de verdade uma reflexão sobre a escrita, e o autor oferece dicas valiosas. Em quatro módulos, aprendi a olhar com atenção para o texto que escrevo (e também para aquele que leio), reparando nas obviedades e nos excessos, como, por exemplo, no abuso dos advérbios e das locuções adverbiais (eu sei, às vezes eles parecem extremamente necessários e a gente tasca logo um monte numa oração só).

Voltando ao livro, Bagageiro não é apenas divertido; conta também histórias de personagens marginalizados pela sociedade, intercalando textos leves com textos sérios. Há ainda poesia (não vou chamar de poética a prosa de Marcelino; ele pode me interpretar mal). Talvez esses altos e baixos sejam intencionais: saímos de uma narrativa mais forte e caímos em uma mais amena. Todas elas nos fazem pensar, mas de maneiras diferentes.

Não sabia ainda da grande revelação. Na nossa trajetória, as coisas vêm no fluxo, o coração é quem manda a gente seguir, a história escrita está, faz tempo, em um antigo passado, ou numa paz futura. É de onde o nosso destino, de repente, insiste em surgir (p. 109).

Não sei bem com que adjetivo classifico o Bagageiro. Melhor assim. Vamos evitar o exagero no uso dessa classe de palavras. Só concluo que ele é indicado a quem quiser encontrar uma variedade de assuntos e de emoções em uma única obra.

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