22 de setembro de 2020

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Sem eco

Por Eriane Dantas

As palavras saíram,
desengasgaram a indignação
que me pesava o peito.

E o eco não veio,
aquele barulho alto ou mesmo um sussurro
que meus ouvidos ansiaram escutar.
Minha voz bateu num obstáculo qualquer
e voltou a gritar
dentro de mim.

Não me admira.
O normal é a indiferença:
se o problema não lhe diz respeito,
quem vai se pronunciar?

O que vale é a diplomacia:
risadas e um tanto de silêncio
protegem os interesses de cada um.

Mas eu não compreendo 
quem fecha os olhos por querer
e depois vem dizer
que não viu
o que ocorre em frente.

Ou quem se declara ao meu lado
quando ninguém pode nos ver,
às escondidas,
como se cometesse um pecado.

Só me abraçaram três mulheres,
mulheres que admiro,
cada uma com seu jeito de estar no mundo.

Aí confirmei:
conta-se nos dedos a gente
que junta sua voz
à voz da gente.

E disse a mim mesma:
não preciso de mais gente
além dessas três mulheres,
elas que me querem bem e estiveram comigo
e levarei comigo aonde quer que a vida me leve.

 

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