Em toda a nossa vida juntos, há momentos que sempre recordamos de vez em quando, como aquela noite embaraçosa no forró.
Se eu pudesse viajar no tempo, voltaria àquela noite só para reagir de outro modo ao ser abordada no meio do salão. Evitaria assim a vergonha que viveu entre nossos amigos, que fixaram uns olhos compridos em nós.
Mas, naquela noite, enquanto casais rodopiavam ao som do baião, eu não poderia prever o nosso futuro.
E acho que já fui perdoada faz tempo ou não estaria eu aqui lhe escrevendo estas palavras quase treze anos depois.
Aquele episódio então entrou para o rol de memórias que fundaram e cimentaram nossa união e que sempre citamos com riso nos lábios — não um riso como o dos nossos amigos; um riso de quem se encanta com as reviravoltas da vida.
Minha lembrança mais especial, porém, não é de tanto tempo atrás e marcou uma nova fase de nossa história. Naquele dia em que imaginei um futuro terrível, distante do plano que vinha escrevendo, você conteve a alegria da realização de seu sonho e chorou ao meu lado.
Nunca esquecerei aquele gesto. Ele está registrado em um suporte mais duradouro que uma folha de papel. Ele me ajudou a compreender, pouco a pouco, que aquele sonho também era meu, que eu poderia vivê-lo com você.
Aquilo não foi propriamente uma surpresa, não com o conhecimento que detinha sobre você. Mas é apenas na prática que provamos como são as coisas que parecem ser. Você confirmou, de um jeito verdadeiro, que eu fiz bem, muito bem, em repensar minha atitude ao voltar daquele forró e, mesmo timidamente, mostrar que queria me aproximar de você.
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