24 de dezembro de 2019

2 Comentários

Papai Noel

Por Eriane Dantas

Sentada à mesa, Clara encara uma folha de papel em branco. De vez em quando, dá uma olhada na mãe, sentada no sofá, e retorna o olhar para o papel. Será falta de inspiração seu problema?

— Mãe, você disse pra eu escrever a cartinha pro Papai Noel, mas tô aqui com uma dúvida: como é que você sabe o endereço dele?

— Ah, não precisa de endereço. Basta escrever aí que é pro Papai Noel e pronto.

— E como que o carteiro vai chegar até lá?

— Ele já sabe pra onde levar as cartas.

— Como ele vai levar as cartas de todas as crianças do mundo até o Papai Noel?

— Bem, ele vai de caminhão ou às vezes de avião.

— Não ia ser mais fácil a gente mandar um e-mail ou uma mensagem pelo celular?

— Clara, o Papai Noel vive isolado, no Polo Norte. Lá não tem internet nem celular.

— Essa era outra coisa que eu ia perguntar: como o Papai Noel chega aqui na noite de Natal, vindo lá do Polo Norte?

— Ele vem no trenó, você já sabe.

— Sei. Com as renas. Mas como ele chega aqui se aqui não tem neve? E como ele consegue ir a todas as casas numa noite só?

— É que o trenó é mágico.

— Entendi. Mas dizem que ele entra pela chaminé. Aqui em casa não tem chaminé. Então como ele entra aqui?

— Onde não tem chaminé, ele entra pela janela.

— Mãe, e por que ele usa aquela roupa? Deve morrer de calor quando chega aqui.

— Clara, o Papai Noel não sente calor, não sente frio, nada.

— Por quê? Ele tem alguma doença?

— Não, Clara, ele é mágico, como o trenó dele.

— Ah, ele é mágico. É por isso que ele sabe se a gente se comportou ou não?

— É, é por isso mesmo. Ele sabe de tudo.

— Mãe, como o Papai Noel tem dinheiro pra comprar tantos presentes? Você não vive dizendo que tá todo mundo sem grana?

— Tá mesmo, mas o Papai Noel não precisa de dinheiro. Ele fabrica os brinquedos na casa dele.

— E se uma criança não pedir brinquedo?

— Bem, ele faz também. Ele fabrica tudo o que as crianças pedirem.

— Então, se eu pedir pro meu pai voltar pra casa, o Papai Noel vai fabricar esse presente pra mim?

— Clara, eu tenho que arrumar a casa, fazer o almoço, colocar o lixo pra fora, lavar a roupa. Depois a gente conversa, tá, filha?

Clara não se cansa e segue a mãe pela casa.

— Mãe, tava pensando aqui: e aquelas crianças que a gente sempre vê ali na praça, elas não escrevem pro Papai Noel?

— Já chega, Clara, vou dizer logo. Papai Noel não existe. Está bem? Não existe. Sou eu que compro o seu presente todo ano e coloco embaixo da sua cama. Sou eu. Não o Papai Noel.

— Que bom, mãe!

— Bom?

— Sim. Que bom que você não acredita em Papai Noel. Eu tava sem saber como contar a verdade pra você.

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2 Comentários

  • Ana Luiza
    29 dezembro, 2019

    Eri, li esse texto muito divertido pra Cel e sua amiga Maria Clara.
    Elas amaram. Assim como eu!

    • Eriane Dantas
      30 dezembro, 2019

      Fico muito feliz em saber isso, Ana! Obrigada!
      E a Maria Clara é meio xará da personagem da história, né?

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