Em seis meses, assistimos à tentativa de destruir não só a educação, mas também a história e a ciência. Descobrimos que, no Brasil, não há mais fome nem desmatamento; que não precisamos de cadeirinhas nos carros nem de barreiras de velocidade, tampouco de aulas para obter carteira de motorista; que não faz mal adicionar alguns agrotóxicos aos nossos alimentos; que as meninas da Ilha do Marajó são estupradas porque não usam calcinhas; que nós, nordestinos, somos todos “paraíbas”; que preocupação com o meio ambiente é coisa de vegano; e que vale mais uma sensação do que resultados de pesquisas.
Infelizmente, essa é somente uma amostra — foi o que consegui recordar neste momento. Há muito mais de onde isso saiu, e ainda seremos contemplados com outros exemplos até 2022.
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- Título Original: O matador
- Gênero do Livro: Conto
- Editora: Cosac Naify
- Ano de Publicação: 2014
- Número de Páginas: 32
Sinopse: Em 'O matador', o leitor é transportado a uma cidadezinha onde a diversão dos meninos é matar pardais com seus bodoques. O protagonista desta história, porém, é muito ruim de pontaria. Os colegas debocham. Até que um dia, um pardal destemido aparece sobre o muro do quintal. E esse encontro violenta, mais do que o pardal, o próprio caráter do garoto. Nas ilustrações de Odilon Moraes, a leveza das pinceladas em tons de verde só é cortada pela mancha vermelha deixada pelo pássaro no muro, mas não só nele. Odilon se vale da sombra do garoto para mostrar como aquele episódio o marcou profundamente.
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Naquele tempo havia muitos quintais e lotes vagos. E era tudo arborizado, tanto em nossa rua como em todo o bairro (p. 2-3).
Esse foi o primeiro livro que li para o Joaquim, quando ele ainda era parte de mim. Não sei se ele escutou minha voz ao ler a história. Só sei que me emocionei ao lê-la — tanto pelas circunstâncias da leitura, quanto pela história em si (e não era a primeira vez que eu lia o livro para mim mesma).
Publicado pela primeira vez em 2008, dois anos após a morte do autor, O matador foi ilustrado por Odilon Moraes, que usou desenhos que, à primeira vista, parecem simples, sem cor. Mas, quando se conhece a história, percebe-se a intenção do ilustrador. As imagens, em tons esverdeados, ganham cor forte apenas em dois momentos, avivando o sentimento que nos causam as palavras inscritas naquelas páginas.
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