17 de maio de 2025

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[Resenha] A viagem do elefante

De José Saramago

  • Título Original: A viagem do elefante
  • Gênero do Livro: Conto
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 2017
  • Número de Páginas: 260
Sinopse: A viagem do elefante , primeiro livro de José Saramago depois do relato autobiográfico Pequenas memórias (2006), é uma ideia que ele elaborava há mais de dez anos, desde que, numa viagem a Salzburgo, na Áustria, entrou por acaso num restaurante chamado O Elefante. Com sua finíssima ironia e muito humor, sua prosa que destila poesia, Saramago reconstrói essa epopeia de fundo histórico e dela se vale para fazer considerações sobre a natureza humana e, também, elefantina. Impelido a cruzar meia Europa por conta dos caprichos de um rei e de um arquiduque, Salomão não decepcionou as cabeças coroadas. Prova de que, remata o autor, sempre se chega aonde se tem de chegar.
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Sempre termino a leitura de um livro de José Saramago com a impressão de que alguma coisa mudou em mim e com o sentimento quase infantil de que posso criar histórias tão inspiradoras como ele fez.

Em A viagem do elefante, o autor não decepciona. Vejo ali seu estilo de escrita, que o distingue dos outros escritores e que, por vezes, assusta os leitores; vejo também a ironia e a crítica social que encontrei em todas as outras obras suas que já conheci. Há, porém, algum aspecto que diferencia essa das outras histórias e que não sei apontar com certeza.

Nesse seu penúltimo romance, publicado em Portugal dois anos antes de seu falecimento, Saramago transformou um fato histórico do século XVI, do qual não se conhecem tantos detalhes, em uma fábula cheia de humor, ironia e reflexão.

O personagem central é Salomão, um elefante indiano com o qual D. João III, rei de Portugal, e a rainha Catarina, sua esposa, presentearam o arquiduque Maximiliano II da Áustria. Salomão já não era uma novidade por aquelas bandas e naquele momento vivia isolado em um cercado, na companhia de seu cornaca (tratador) Subhro. A ideia do presente então surgiu como solução para o problema de manter ali um animal imenso, que já não causava curiosidade e que consumia forragem e água aos montes.

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08 de maio de 2025

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Tem horas

Tem horas que você quer ser
sozinha,
você e os pensamentos,
você e a imaginação,
trancada no quarto,
alinhavando suas palavras.
Tem horas que cansa.
A nostalgia pede
alguém que pergunte
você tá bem
e queira saber de verdade
e não precise de explicação
e vá entender
e dar razão
mesmo que seja bobagem.
Você tem saudade
de alguém que conheça
você,
que preze estar
do seu lado,
que não viva sempre
com pressa,
que tenha vaga
no calendário,
que olhe pra você
quando você fala.
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07 de março de 2025

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Esse negócio de ser mulher

Você e eu 
diferimos
na roupa, 
na fala, 
no jeito de andar, 
no corpo, 
no percurso, 
nos desejos, 
na idade, 
no cabelo, 
no pensar.
Não conheço sua história, 
você ignora a minha,
mas entendo desse negócio
de ser mulher.
Posso apostar: 
você,
assim como eu,
vive ou viveu,
pequena ou grande,
uma privação,
uma agressão,
uma discriminação.
Assim como eu, 
você se empenha
por um modelo
nem meu nem seu
e se endireita
e alisa
e se envergonha
e pinta
e esconde.
Você, 
como eu,
acreditou
que combatemos
cada uma para um lado,
que deve se provar
acima de mim
e eu de você.
Aqui eu revelo: 
assim como você,
eu ambiciono direito,
sucesso,
respeito,
felicidade,
afeto.
Que tal 
lutarmos do mesmo lado?
Eu lhe dou a mão
para você não tropeçar
e você me levanta
quando eu cair.
E assim
apontamos
nossas armas
para o real adversário.
24 de fevereiro de 2025

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O que ele vai ser?

Como ele vai ser? O que ele vai fazer quando crescer? Às vezes eu me flagro com essas perguntas ao observar meu filho. Quando o vejo se interessar por livros, criar suas músicas, fingir que canta em inglês, dançar break no meio da sala ou se apresentar diante de um público, eu penso: vai ser artista. Quando ele se mostra entusiasmado por esportes, eu arrisco: vai ser atleta. Quando o escuto planejar as suas futuras invenções, que vão desde um robô ajudante até a fórmula da imortalidade, eu me pergunto: será que vai ser cientista?

Ele próprio já listou uma dezena de ofícios que pretende desempenhar: bombeiro, policial, cientista, músico, cozinheiro etc. Vai competir em todas as modalidades das Olimpíadas.

Se o percebo um pouco arredio, eu torço que não seja tímido como a mãe.

Quase sempre eu brigo comigo mesma. Assim como não me convém voltar ao passado, não é saudável viajar para o futuro, um futuro distante, ainda que o tempo vá se encarregar de encurtar essa distância. Não faz bem esse exercício de adivinhação.

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